Nas últimas semanas a mídia tem alardeado bastante a quebra da safra brasileira de cana-de-açúcar, o que fez com que os preços do açúcar no mercado futuro disparassem. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, é verdade, mas avaliar apenas as manchetes sobre a produção de um único país para inferir movimentos de preços pode levar a análises bastante equivocadas.

O Brasil responde por apenas 21% da produção mundial. Nossas projeções já há algum tempo são de uma produção de açúcar no Centro-Sul de 32,2 milhões de toneladas, praticamente em linha com os números recentemente divulgados pela Unica de 32,4 milhões de toneladas, ou 3,3% abaixo da produção de 2010.

Quando olhamos para os outros 79% fora do Brasil, o que vemos para 2011/12 é um aumento de produção em diversos países. A Rússia, por exemplo, terá aumento de cerca de 60% em relação a safra passada, quando sofreu uma forte seca. A Índia, segundo maior produtor mundial de açúcar, está com chuvas de monções em níveis favoráveis e deve ter um aumento de 8,3% em relação a 2010 (maiores detalhes veja esta reportagem). A União Européia, que no ano passado teve uma safra mais seca, tem apresentado excelentes testes de produtividade. Outros países como Estados Unidos, Paquistão, Filipinas, Argentina, Indonésia, Tailândia, Ucrância e Austrália devem ter aumentos de produção, enquanto que as reduções de produção estão restritas somente ao Brasil e ao México.

Em suma, a produção mundial da safra 2011/12 deve crescer 5,0% em relação a safra de 2010, mesmo com a queda no Brasil, gerando um superávit de produção da ordem de 3,1 milhões de toneladas, contra um déficit de 1,8 milhões de toneladas na safra 2010/11. É claro que eventos climáticos podem ocorrer e sempre ocorrem, como já ocorrem no Brasil e no México, porém nos parece muito cedo para antecipar preços tão altos com uma perspectiva tão boa de oferta de açúcar como a que temos atualmente.

Neste momento os fundos Sparta Anti-Cíclico FIM, Sparta Cíclico FIM, Sparta Commodities FIM e Sparta Trends FIEM possuem exposição vendida em açúcar, que foi e será o principal driver de seus retornos dos próximos meses.